segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Uma estratégia para Bolaño

Foto: Francisco Costa Lima

Vá a uma mesa-redonda e tenha um orgasmo. Tudo bem que não chega a ser orgástica, mas a performance Los Críticos También Lloran brinca habilmente com o sonífero formato dos simpósios e debates formais. E, como brincadeiras bem conduzidas podem ser excitantes, o texto do espanhol Marc Caellas em homenagem ao escritor chileno Roberto Bolaño consegue chegar ao ponto.


A montagem integrou a programação da Balada Literária, em São Paulo, no último final de semana. O texto é baseado no romance póstumo 2666, de Bolaño, no trecho em que quatro escritores aficionados por literatura alemã partem em busca do oculto autor Benno Von Archimboldi.


A cereja de Caellas é dirigir escritores de verdade em vez de atores. Os venezuelanos José Tomás Angola e Leo Felipe Campos, a colombiana Margarita Posada e o espanhol Jorge Carrión se prestam ao delicioso papel e o efeito é o já descrito nas primeiras linhas.


No Teatro da Vila, onde fizeram Los Críticos... no sábado, a estratégia começou antes mesmo da apresentação, com os “atores” conversando lá fora, na entrada do prédio, enquanto o público chegava.


Incautos podem duvidar se todo o exposto é verídico ou devaneio – o que também é excitante. Uma mulher chegou a perguntar se aquilo tudo era verdade. Mas aí eu também duvido de que a participação dela tenha sido espontânea. Pode muito bem ter sido mais um ato estratégico na homenagem a Bolaño.


Eles se apresentam hoje no Instituto Cervantes de Botafogo, no Rio de Janeiro, às 19h.


Update:

Separados pelo nascimento
E não é que o Caellas (fotos menores, à dir.), diretor de Los Críticos..., é a fuça do Bolãno (à esq.)?

puta, coitado do Bolaño tá revirando no caixão. Foi só com essa foto, não puxa meu pé à noite, não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário