Nasci e cresci no Buraco da Rã. Aqui já foi verde antes das chuvas.
Hoje as casas são incrustadas nas pedras ou forçosamente construídas em cima delas.
E, neste caso, têm a forma de cuias emborcadas salpicadas de terra.
Toda vez que o chão escurece é sinal de que o Buraco em pouco tempo estará gotejando e sem demora subirá uma chuva barrenta; sujando casas; arrancando árvores; a caminho da cova tenebrosa que cobre nossas cabeças.
Em dias terríveis como esse, me encerro no quarto e me intrigo com o nome do lugar. Deduzo, por fim, que buraco mesmo é esse que engole a lama que sobe e recebe as almas que choram.
*Do blog Retalho de Prosa
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