quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Comece zerado, sem moral alguma

Up date: mandei a mensagem abaixo por e-mail. Talvez seja legal lê-la antes do textinho de "desejos de ano novo" que segue sob a foto. O textinho 1 é uma divagaçãozinha sobre por que ainda acho bacana enviar essas coisas. Mas se quiser pular, não tem problema. Pode ir direto para a casa 2.

1.
Oi, tudo? Tudo.

Se é um saco ouvir gente enquadrando a hipocrisia de se desejar coisas boas e distribuir abraços nas festas de fim de ano, é malice maior ainda aguentar essas reclamações. Por que não curtir a onda e pronto? Nada é perfeito do jeito que se imagina, sempre vai ter correria e talvez uma frieza certeira no dia-a-dia, então essas confraternizações acabam sendo meio necessárias, não acha? 

Vai ver as comemorações são momentos programados - não sei por quem- para despejar um pouco de docilidade, mesmo que forjada às pressas, para equilibrar o azedo nosso de sempre. Não é à toa que Natal e Ano Novo são bem pertinho um do outro. Dá tempo dos parentes ficarem todos na mesma casa ou na mesma cidade, com desculpa das festas. E aí a convivência se restabelece, os laços podem ser reatados, e os afetos, ressuscitados.

Isso tudo é pra dizer que então eu acho válido, sim, vir aqui e dizer alguma coisa honesta pra aproveitar o ensejo.

Há controvérsias, eu sei, do poder de emoção de um e-mail. Eu também preferia te dizer tudo isso com o som da minha voz. Mas confio no seu entendimento e tals.

Então. Já que estamos todos internetados por computador ou celular, deixei um recado no meu blog, aqui o link, ó: http://cafffeinee.blogspot.com/ . Não, não é estratégia de mkt pra aumentar o número de visitas da bodega. É só facilitação mesmo. Entra quem quiser e estiver a fim. Mas, ó, é tudo verdade. O que escrevi lá é realmente a minha verdade. Entenda e use como lhe aprouver.

Um beijo,

Simei Morais



2.

Não trago os corretos votos de ano bom. Na real: que você se contradiga no ano vindouro e, nesse passo em falso, perceba resquícios que há anos aguardam desova.

Pode ser que você caia. Na queda, descubra seu tamanho e o dos outros e o que de fato importa. E que tenha coragem de não permanecer lá embaixo, abraçado à latrina.

E se morrer algum tipo de morte, seja lúcido para decidir que não é o fim. Não desejo que você seja o mesmo. Só é um pouco bom quem muda e do velho se distancia.

Morra um tanto significativo e comece tudo de novo se quiser ter vida de verdade.

Agora sim eu era herói.

São meus votos para todo mundo. Ha!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

delinquências sem trema

Dingoubéu. Eis que o espírito está mais para dar do que receber, hahãm. Então posto aqui uns links para baixar alguns da lista dos 20 melhores álbuns do ano formulada pela Eldorado.

Cee Lo Green - The Lady Killer

Jamie Lidell - Compass (só a faixa Compass) e todo o disco


À medida em que eu achar mais, "embuto" aqui.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

deelinquency of the day

Bem facilzinho de gostar, esse álbum do Edward Sharpe and the Magnetic Zeros. Já conhecia o hit Home, um chicletinho bom de mascar na mente, mas o disco todo tem uma vibe bacana, de viver a vida e sair por aí cantando, dançando e amando, eba, eba, eba. 

Do meio pro final, porém, a lista traz melodias e letras mais introspectivas, típico convite para experiências um pouco mais "expansivas". Cuidado com o que for usar durante a audição (recomendar moderação acho que vai bem, né?).

Não conheço muito a banda, mas o som é meio folk, meio hippie desencanado. Sonzinho sem erro, perfeito pra pôr no carro e rodar alguns Km's ou deitar no chão e cantar com as estrelas.

Dá pra baixar por aqui, ó.

Você já deve ter ouvido Home, a do clipe aí embaixo, em algum lugar.



Home is wherever I'm with you. Então tá, meu bem.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

toureiro fake




Toureiro fake

Juro que se eu morrer
eu levo o que você não quis
e não deixou crescer
Se Deus fizesse agora chover
uma torrente de águas
e lavasse todo sangue
que você ousou verter
e levasse as raivas
vestígios do teu ser
Toda morte é tua culpa
desgraçado homem vil
quero te ver deformado
aberto, estraçalhado
igual fiquei quando partiu
Juro que se eu morrer
apesar de toda a fé
volto de noite
pra puxar o teu pé

domingo, 12 de dezembro de 2010

solo meu

















me siento solo
me sento só
só me sinto solo
lejos de mi
a léguas de ti
¿cerca de quién?
Acerca de quê?

Wikirebels

Doc de uma TV sueca sobre o Wikileaks.

Cris, espera

Um desespero nessa tarde senegalesa, esse inferno de terceiro mundo em que não há civilidade mínima, porque qualquer ser começa a derreter antes mesmo de terminar a montação. Começa-se pelo buço, suando em bicas.

Uma amiga disse que não aguentava a bunda suando, na madrugada. Todo mundo saiu lindo, cheiroso, em meia hora estavam todos e todas desaguados de calor. Sentia-me esvaindo atrás das pernas. O cabelo, azedo. O sutiã, então - ah, é, nem usei.

Mas não é isso.  O desespero é um maior, mais distante, embaixo. Não há mais deuses astronautas. E as pessoas perguntam demais, querem saber demais. Olham demais. E pra quem? Pra ninguém. Esquecem-se de que somos todos uns fidaputa, zé ninguém, mané de onde o judas se ferrou. Podem nos deixar em paz, já que somos todos fodidos?

Não é isso também. Prisão. Esse Senegal, além de tudo, é um labirinto, uma rinha. Isso! Um poleiro de rinhas! Que merda, prefiro w.o.. Podem ficar com o que quiserem. Partiu. Vou ver Cristina.

A primeira entrevista de Clarice, como estudante de Direito

A Pinky Wainer, além de ótima por ela mesma, é um arquivo de coisas ótimas (outras nem tanto, imagino) dos outros. Ela mandou isso aí abaixo pra Cosac Naify, que publicou no blog. É a primeira entrevista da Clarice Lispector, mas não como escritora, como personagem para uma matéria sobre a leitura na juventude.

O repórter foi à faculdade dela em busca de personagem, aquela coisa básica como fazer um fala-povo no calçadão. E deu a puta sorte de encontrar uma jovenzinha batuta, óia só o comentário dela sobre o Euclydão e a literatura infantil nacional. Aliás, todos os comentários dela.

Obs.: não me considero clariceana, mas realmente gosto dela, que é um tesouro da literatura mundial.

"(...)Enquanto isso, o jornalista Vilmar Ledesma, meu amigo de Twitter, me enviou preciosidades. Vilmar garimpou volumes de Diretrizes do acervo da Biblioteca Mario de Andrade, em São Paulo, e transcreveu algumas coisas importantes (à mão, pois lá não é possível tirar xerox devido ao estado precário dos arquivos!). Coisas que devem ser inéditas para o grande público, já neste século XXI."

OS ESTUDANTES BRASILEIROS E A LITERATURA UNIVERSAL
(Diretrizes 71, 30 de outubro de 1941)
Série de reportagens com universitários, no final de outubro de 1941, opinando sobra literatura. A ilustração é de uma garota bonita, com bolsa embaixo do braço, cercada por cinco rapazes e a legenda “Futuros advogados falam sobre literatura”. Lá no final da primeira matéria vem o seguinte trecho:

“Na Faculdade de Direito subimos ao primeiro pavimento do edifício da rua Moncorvo Filho. Descemos novamente e vemos chegar uma jovem a quem abordamos. Chama-se Clarice Lispector e tem traços da raça eslava. É terceiro-anista e acede prontamente em responder às perguntas do repórter. “Leio de preferência livros, diz Clarice. Quanto à literatura nacional, em minha opinião, temos ótimos escritores, capazes de rivalizar com qualquer outro de qualquer literatura. Sobre a moderna literatura nacional, conheço alguma coisa; mais talvez do que a antiga”.

Pode destacar algum vulto?
Vários, como Graciliano Ramos, que me parece o maior, Rachel de Queiroz, Augusto Frederico Schmidt, etc.

Na literatura moderna nacional existe algum escritor que em sua opinião possa se nivelar a Machado de Assis ou Euclydes da Cunha?
Não se pode tomar para comparação um Machado de Assis, tão pessoal na sua obra. Mas em intensidade literária, dentro do seu próprio gênero, há escritores atuais que podem até superá-lo. Aliás, em minha opinião, seria mais fácil superá-lo do que igualá-lo. Machado tinha muita personalidade. Como romancista, ele não é seguro, não obedece a normas; por isso me parece fácil superá-lo, mais que igualá-lo. Euclydes da Cunha não me agrada…

Qual o livro nacional ou estrangeiro que lhe tenha deixado mais impressão?
Esta é uma pergunta difícil… Porque eu sempre passo épocas em que tal ou qual livro me impressiona. Depois o esqueço e outro toma o seu lugar. Às vezes o que me agrada num livro é o “tom”, o plano em que o autor se move. E se em outro livro o autor muda o “tom”, eu perco o interesse. É um estado d’alma.

Acha que a Guerra possa influir sobre a literatura?
Pode. Talvez um certo ceticismo se apodere da literatura do após-Guerra. Também os motivos humanos ocuparão seu lugar. Mas ao certo não se pode prever.

Qual a sua opinião sobre a “coleção das moças”?
Corresponde a uma necessidade da idade. Há uma fase na vida da moça em que tal literatura é indispensável. Mas apesar de eu já ter sofrido essa necessidade, hoje tenho pena das moças que lêem exclusivamente esta literatura.

E sobre literatura infantil?
Monteiro Lobato é sozinho uma literatura neste gênero. Suas obras compõem o que há de melhor a este respeito no Brasil. Além disso, temos Marques Rebelo. Ainda não se pode, todavia, confiar em uma literatura infantil no Brasil.

E sobre a poesia?
Eu nunca procurei a poesia. Gostei sempre mais da prosa. Admiro particularmente Augusto Frederico Schmidt.

Qual o maior poeta nacional em sua opinião?
Eu diria Castro Alves porque sei que é o melhor. Mas não tenho apreciação por condoreiros. Se a pergunta se refere aos que gosto, posso falar de Augusto Frederico Schmidt, com o seu Cântico de Adolescente que muito me impressionou há anos atrás.

Quais os melhores livros da literatura universal, na sua opinião?
Humilhados e ofendidos
, Crime e castigo, de Dostoievski, Sem olhos em Gaza, do Huxley, Mediterrâneo, de Panait Istrati e as obras de Anatole France em geral. Mas isto é só do que já li.”

Depois a própria Clarice se encarrega de nos apresentar a um colega. Augusto Baêna, quarto anista e presidente do Centro Cândido Figueiredo da Faculdade de Direito.

(Na foto da reportagem, Clarice aparece com saia xadrez bem miudinho, blusa gola role reta de manga comprida, bolsa tipo carteira embaixo do braço e cabelos em quase coque.)"

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A pedalada do pamonheiro*



Fidaputa desse pamonheiro arrumou encrenca na rua inteira. Não soube ser gay e profissional, misturou tesão no negócio, se ferrou. O cara não dava pinta, andava com as pernas soltas, sem mascar a bunda. Nunca o vi de conversa mole; riso, só de troco e mais pra mulher, porque umas sempre compravam as pamonhas. Mas um dia ele se entregou.

O Leo trazia as pamonhas ainda quentes na cesta de vime coberta por um pano branco daqueles que a empregada quara no sol. Gritava cadenciado “pa-a-mo-nha-a”, com ênfase na separação das sílabas pra melhorar o jingle no gogó. Começava aqui em cima, no meu bairro e, se sobrasse alguma, pedalava no centro até rapar tudo. Nos finais de semana a venda era ligeira, virava e mexia ele manobrava no meio-fio, voltava para buscar mais em casa, apesar da distância.

Morava no outro lado da cidade, numa área que virou bairro apenas nos últimos anos. Um vereador que tinha chácara em volta conseguiu que o prefeito loteasse a área. Abriram rua, esgoto, ergueram postes de luz. A casa do Leo já havia sido demolida, nessa época.

Quando ainda era mato, fomos um dia até lá para buscar mais. Era carnaval, eu tinha uns dezesseis, passei os quatro dias na chácara do Xande, todo mundo do colégio, os irmãos dele que já estudavam fora, os primos, até um tio dele, um quarentão solteiro, coisa que na época era livre de encheção só em cidade grande. Acabou e os mais novos é que tinham de fazer a carreira. Fui eu, o Xande e o Juninho Goiaba.

Era uma casa inacabada, o Leo mesmo construíra. O muro era alto, chamuscado de cimento áspero com muito caco de vidro incrustado na borda, além de arame farpado. Tinha que bater palma e esperar que abrisse o portão e segurasse os cachorros, uns quatro vira-latas grandes.

Mandou que esperássemos numa cozinha externa, no fundo, onde ele mexia o talho de milho com leite, num fogão a lenha. Nesse dia que eu soube que ele mesmo cozia e montava as pamonhas. Aprendera de pequeno, na roça, a mando da mãe para complementar o sustento dos seis filhos, cinco abaixo dele. A mãe, solteira, um filho de cada pai - a não ser os gêmeos caçulas, que por serem gêmeos tinham de sair de uma benga só. E ainda tiveram a sorte de ter nome de pai no registro porque gemelaridade era coisa estapafúrdia e o cara voltou para ver os meninos, quando soube que eram dois iguaizinhos. Tudo isso ele contou numa única mexida com a pá de madeira.

A mãe trabalhava na casa do administrador da fazenda, naquela época ainda se usava esse sistema, e o deixava com os menores, incumbido de tudo o que se tem de fazer quando se tem filho pequeno. Nas sextas à noite ela fazia pamonha doce e salgada, de tudo quanto é recheio, para vender na feira do final de semana. Ele ajudava também. Numa dessas Leo perdeu as pontas dos dedos da mão direita. A mãe acertou as últimas falanges quando ele pinçou um pedaço da linguiça que ela cortava para enfiar nas salgadas. Vai ver era por isso que ele só fazia da doce.

O foda foi que Leo, o nome dele era Leocádio, fui saber bem depois, desmunhecou pra cima do Xande numa dessas idas à casa dele, no carnaval. O porra do Xande, numa de se achar o pinto mais fodístico da cidade, e por isso o mais macho, com uma virilidade suficiente de se botar a bunda dos outros à prova, tirou onda de deixar o cara pegar no pau dele. Até chegar a esse episódio, o Leo já ia entregar na chácara mesmo, não ficava nem mais no portão, entrava pra tomar cerveja. O Xande fez a merda e o tio dele sentou em cima. Nunca se soube como, o velho rapou toda a grana do pamonheiro, na última leva.

Demorou uns dois finais de semana pro Leo aparecer na rua, depois daquele carnaval. Antes de frear o disco da frente, já cobrou Xande do golpe. “Vou te foder de verdade, moleque. Paga tudo amanhã.” O bosta do Xande riu e engambelou a gente, que não sabia nada. Uns quatro dias depois, a história da pica chegou no ouvido do pai dele, um safado dum moralista do caralho. Fodeu todo mundo da rua com a fúria de lavar a honra do filho, que tinha sido bolinado pelo pamonheiro, veado vingado.

Na semana seguinte Leo não passou no nosso bairro nem no centro. Havia sido enquadrado pelos meganhas por causa da maconha que trazia sob a pamonha, depois de anos de feira a pedaladas. Não durou muito na cadeia. Deu tempo de eu entrar na faculdade, ir morar fora, soube da morte dele num feriadão em que voltei para casa enquanto era bicho. Morreu de Aids, um dos primeiros casos de que ouvi nos anos 80, de certo em troca-troca na cela. Foi no papel dos mortos que a funerária gruda na parede do mercado municipal que descobri o nome dele, ao lado da foto três por quatro: Leocádio de Jesus de alguma coisa, 43 anos.



*Ele existiu.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Manguel em pedaço

“Agora tenho em comum com aquele Bevilacqua, se não o corpo esquálido, decerto o tom grisalho. E eu também, inconcebivelmente, envelheci, fiquei barrigudo; já ele continua tendo a idade de quando o conheci, aquela que hoje ainda chamamos de idade jovem e que na época se chamava de madura. Pois bem, eu continuei a leitura daquela narrativa que iniciamos juntos, ou que Bevilacqua iniciou numa Argentina que já não é nossa. Conheço os capítulos que sucederam sua morte (ia dizer “desaparecimento”, mas essa palavra, meu caro Terradillos, está proibida para nós). Ele não, claro. Quero dizer que sua história, essa que ele teceu e desteceu tantas vezes, agora é minha. Eu decidirei seu destino, eu darei sentido a seu itinerário. Essa é a missão do sobrevivente: contar, recriar, inventar, por que não?, a história alheia. Pegue um punhado qualquer de fatos da vida de um homem, distribua-os como quiser, e você terá ali um certo personagem, de uma verossimilhança incontestável. Distribua-os de maneira um tantinho diferente e, caramba!, o personagem mudou, é outro, mas igualmente verdadeiro. Tudo o que posso dizer é que vou lhe contar a vida de Alejandro Bevilacqua com o mesmo cuidado com que eu gostaria que o meu narrador, chegada a hora, relatasse a minha.” (p.16-17)

Trecho de Todos os Homens são Mentirosos (Cia das Letras), de Alberto Manguel

Buraco da rã

*Aleksandro Costa Nunes

Nasci e cresci no Buraco da Rã. Aqui já foi verde antes das chuvas.

Hoje as casas são incrustadas nas pedras ou forçosamente construídas em cima delas.

E, neste caso, têm a forma de cuias emborcadas salpicadas de terra.

Toda vez que o chão escurece é sinal de que o Buraco em pouco tempo estará gotejando e sem demora subirá uma chuva barrenta; sujando casas; arrancando árvores; a caminho da cova tenebrosa que cobre nossas cabeças.

Em dias terríveis como esse, me encerro no quarto e me intrigo com o nome do lugar. Deduzo, por fim, que buraco mesmo é esse que engole a lama que sobe e recebe as almas que choram.

*Do blog Retalho de Prosa

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

"XupaMe" spring love


É a era dos DJ's, todo mundo é um, qualquer um "toca" em qualquer festcheenha e óbvio que o vocabulário da rapeize iniciada invadiu a pista. Não precisa disquejoká pra saber o que é sampler, set list, warm up e coisa e tal.

Agora, mashup é uma palavra que não dá pra soletrar em público, fala a verdade. Veja se não tem ninguém por perto e repita em alto som, cuidando da pronúncia gringa: mashup. Dá até pra fazer beicinho, que sexy.

O bagulho pode ser mais indecente ainda dependendo das cabecinhas envolvidas nessa shupança. Olha o que esse ser teve a coragem de fazer: mashupar Serge Gainsbourg com MCFornalha, cruzar Je t'aime Moi Non Plus com Spring Love. Merrrmão, o que era som de motel virou funk de motel de laje.

Nasce um classy dos sets globalizados. Je t'aime spring love, com katchyguria:

Com técnica própria, Sambatown vai a Cuba

Update: pulei janeiro todo, então somente agora (04/fev's/11) conto aqui, atrasadamente, que o bichinho aqui de baixo ganhou a paçoca lá em Cuba. Bacana, né?


SAMBATOWN from cadux.com on Vimeo.



O curta de animação Sambatown, que ganhou corpo no estúdio Usinanimada, em Ribeirão Preto, vai concorrer no festival de cinema latino americano de Havana, em dezembro. Entre os 28 selecionados para a categoria, há mais três brasileiros (veja a lista aqui). Com temática inspirada no triângulo Oxum-Iansã-Xangô, do candomblé, o curta tem como diferencial a técnica “forjada” em solo ribeirão-pretano.  

O projeto foi engendrado pelo diretor Cadu Macedo (Cadux) em 2001, a partir de um pôster que já trazia os personagens e até o nome, Sambatown. Cadu chamou Rogério Shareid, com quem fez faculdade, para a direção de animação. Shareid já tinha experiência em produção autoral e educativa, enquanto Cadu fez carreira em publicidade e vídeoclipe.

A técnica que a equipe desenvolveu acelera a exibição de unidades de desenhos, intercalando a arte tradicional e a executada no computador, para atender a um pedido de Cadu. A exigência era de movimentos delicados e 30 frames por segundo (fps), mesma velocidade de 3D, embora o estúdio tenha usado 2D, que normalmente exibe 24 fps. “O filme que vemos no cinema tem 24 fps. Acredito que seja a primeira vez que a técnica foi usada dessa maneira no país, deu um trabalho do cão”, conta Shareid.

Ele recorreu a passistas da escola de samba Tradição do Ipiranga para gravar os movimentos de porta-bandeira e mestre-sala incluídos na narrativa. Fez o mesmo com alguns atores para estudar a expressividade dos gestos.



À primeira vista, é possível remeter as cenas à capoeira, mas Shareid minimiza a influência da luta, que estaria restrita apenas ao “inconsciente”. “Não queríamos trazir isso à tona tão marcado”. Na lista de referências, aliás, entrou o samba-rock, diz ele.

Apesar do nome e do mix de gêneros, a trilha musical não estaria ligada ao disco Satolep Sambatown, do gaúcho Vitor Ramil com o percussionista Marcos Suzano. “A trilha é o maestro Laércio de Freitas, bem mais velhinho que o Vitor”, brinca.

Acompanhando o candomblé e o samba-rock, o cenário não poderia escapar de influências visuais do Rio de Janeiro, Salvador e Havana. As duas últimas cidades teriam entrado no roteiro de pesquisa de Cadu, que também seria admirador do pintor Carybé, famoso por obras inspiradas nos rituais da cultura afro-brasileira. “Essa vivência, acredito, foi o argumento final para lapidar a produção.”

Sambatown foi finalizado recentemente e, além de Havana, pode seguir para outros festivais, de acordo com as pretensões da equipe.  Depois disso, eles devem negociar a exibição com emissoras.


Pílulas de Bula

A revista Bula já é boa, o perfil no twitter, então, é uma cereja atrás da outra. A seguir, várias "curtas" contribuições do @revistabula para melhorar o nível cultural da galere:

Trezentos discos brasileiros raros para baixar gratuitamente:

Livros para download gratuito (já soube que o pessoal que mantém os arquivos precisa de contribuições voluntárias)

Diversãozinha rápida e barata do dia:
Clique em OUVIR, no lado direito da tela do Google translate que abrir

Episódios de Os Simpsons pra baixar "de grátis" herrrr (pra treinar seu inglês, ha!)




Cinema por Estado

Hoje tem cópia lavada, mas nem por isso descarada, porque possui crédito. Reproduzo aqui um post super bacana do Almir de Freitas (acesse aqui).

A exemplo de um mapa norte-americano com destaques cinematográficos por estado, Almir distribuiu boas produções - e boas direções - pelas UF's do Brasil. A ideia era associar cada filme ao cenário onde foi gravado. Ele explica mais critérios abaixo.



"Semana passada, postei (aqui) o mapa feito por um redditer que associava cada Estado americano a um filme. O cara levou pau coast to coast, mas mesmo assim resolvi copiar a ideia, aplicando-a ao Brasil (clique na imagem para ampliar). E, se era para copiar, fiz serviço completo: ideia, lay-out, fonte, cores. A única coisa irreproduzível foi, naturalmente, a abundância de filmes para cada região. Aqui, tive de  tomar algumas liberdades para contemplar todos os Estados.  Abusei, por exemplo, dos documentários — uns bons mesmo (Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho), uns interessantes (Mensageiras da Luz, de Evaldo Mocarzel), outros altamente suspeitos. Aceito sugestões.

E peço as cidadãos dos Estados que não se ofendam com esta ou aquela escolha — num determinado momento, optei por fazer uma seleção que resultasse num bom time de diretores. No geral, até que deu. Além dos dois citados acima, estão presentes no mapa Hector Babenco, Fernando Meirelles, Jorge Furtado, Rogério Sganzerla, Felipe Hirsch, Luís Sérgio Person, Beto Brant, Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos etc…

Até Jece Valadão tem."

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

hermanitos muy buenos

Gostei muito desses caras de La Plata: El Mató un Policía Motorizado.

Un link para bajar los hermanos acá (lo primer álbum, Navidad).

Más un para bajar.

Ehhh! Lo ultimo, que tiene la musica abajo: Dia de los muertos



vídeo via @jocaterron

Según Néstor Venegas, "personas buenas" son los que llamamos de "gostosos" acá. Bien, bien.

Le gusta mi portuñol?

nunca mais saia sem fazer amor

up date:
O cara tem até perfil no twitter (@Faz_Amor, ele me mandou um tuíte, ha), mas acho que é algum fake querendo pegar onda em cima desse vídeo aí.
E o cenário desse vídeo? Um pretenso matinho.

"Quando você faz amor, você está mais perto do próximo e de você mesmo"
"Faz amor todo dia, assim que você puder"
"Porra, no Brasil a gente aprende a fazer amor, simplesmente amor é brasileiro"
"Antes de ir ao cinema, à igreja, faz amor"
"Se você quer ter sorte na vida, faz amor"
"Eu faço, por que você não? Somos iguais"




"E aí, vai querer?"

via @cassioparsons

Vaccarini ganha documentário



Não foi o primeiro, não será o último a se apaixonar por um homem das artes. Mas levou o encantamento adiante. O jornalista Hossame Nakamura, que se fascinou pela vida e obra do artista plástico Bassano Vaccarini (1914-2002) ainda no início da faculdade, em 1996, está finalizando o documentário Todas Dimensões de Bassano Vaccarini - Dentro de Um Realismo Mágico.

O vídeo aborda a produção de Vaccarini até a sua morte, em 2002, a partir de depoimentos e arquivos de parentes e amigos. Há imagens que o próprio artista gravou, brincando com uma câmera, quando a saúde já estava abalada pelo Alzheimer.

O italiano Vaccarini deixou a Itália em 1946 para realizar uma exposição com outros compatriotas no Brasil. Acabou ficando em São Paulo, onde integrou a primeira geração de cenógrafos do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e o corpo docente da FAU/USP. Transferiu-se em 1956 para Ribeirão Preto, cidade que já conhecia de um postal recebido na Itália. A mudança partiur de um convite do prefeito Costábile Romano para produzir obras em comemoração ao centenário do município.

No interior, chegou a fundar o curso de artes plásticas na Unaerp, instituição que mantém obras dele espalhadas pelo campus. Foi por meio delas que Hossame se interessou pelo artista e quis retratá-lo em seu trabalho de fotografia, no curso de Jornalismo, há mais de dez anos. “Não sei por que encanei nele, acho que por ter sido uma pessoa bonita, generosa, ética”, diz o diretor.

Vaccarini mal falava, se comunicava com o estudante com movimentos e expressões faciais.

Hossame desengavetou a ideia do documentário no início do ano, ao ser selecionado por um edital da prefeitura de Ribeirão, que destinou R$ 20 mil ao projeto. Ele contou com a produção de Fernanda Marx e Alessandra Amantea. Segundo o jornalista, a Secretaria Municipal de Cultura ainda não comunicou a data de estréia. Posteriormente, o material será exibido em escolas públicas do município.

Arte
Como a maioria dos artistas, Bassano tinha de dar aulas para sustentar a família. Pôde se dedicar integralmente à arte ao se aposentar em função de uma isquemia, no início da década de 80. “Apesar do problema de saúde, ficou feliz. Ele produzia intensamente.” De acordo com a crítica, não são as temáticas, mas a forma se sobressai nos trabalhos dele.

A família acredita que Vaccarini já tinha Alzheimer quando executou as famosas esculturas do parque Maurílio Biagi, em Ribeirão, em 1996. Em seguida ele se mudou para Altinópolis, onde fez praças e um teatro de arena, a partir de suas esculturas. “Ele trabalhava mais de 16 horas por dia.”

Posicionamento
Após a mudança para o interior, ele ainda era chamado para retornar ao teatro, na capital. Questionado pelo agitador cultural Fernando Kaxassa por que escolheu Ribeirão, ele encaminhava a resposta poeticamente. “Você, que gosta de cinema, sabe disso. É a luz daqui (que me cativou).”

Vaccarini era comunista engajado. “Tinha a postura de que o artista não deve viver apenas para a arte, mas para o social”, diz o diretor de teatro Magno Bucci. O historiador e escritor Julio Chiavennato e o artista plástico Dante Veloni também estão entre os entrevistados.

No documentário, há imagens de Vaccarini andando de bicicleta, próximo a uma obra, em Altinópolis. “Tenho 80 anos e me sinto criança; é sempre criança, sabendo a verdade”, dizia na gravação, feita em 1994.


Na primeira e na última imagens, Vaccarini fazia ainda alguns trabalhos, como a guache em que assina (fotos: Hossame Nakamura). Ao meio, Hossame, Fernanda e Alessandra, ao lado de uma obra exposta no pátio externo da Casa da Cultura, em Ribeirão Preto.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

caraminhola

Queria dar na sua cabeça
que nem flor no mato
igual mato em ribanceira







Foto do telhado da sala de imprensa da Flip, em Paraty.

robinhoodização com Macca

E eis que colocaram na rede PRA BAIXAR o show do Paul McCartney no Morumbi.

Cartas de amor não enviadas

Cartas de amor enviadas

Em frente à capela do século 19, mirava a torre, esperava o sino dobrar, em vão. De cima do muro de pedras, balançava os dedos e ciscava os cães com assobios rachados. Nada diluía o peso de segurar aquele verde tão perto do rosto. Buscava ao lado, no mar, um movimento que aliviasse o peito.


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

guardarei-te

"Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado"
Antonio Cícero, na Balada Literária 2010

more delinquêncy

Seguindo no mood total procrastinação, achei (oh, foi sem querer!) o link pra baixar o novo single da Adele, aqui ó.
Achei bem bom o vocal nessa faixa, Rolling in to The Deep. A letra é daquelas mezzo-melosas que agradam a maioria, combinando uma febre de amor aqui e uma promessa de salto no escuro ali, mas tudo bem, passa porque ainda consegue ser fofa. 
É inevitável a comparação do estilo com o de Amy Winehouse, mas Adele canta bem e mostra uma diferença, vai.
A inglesinha, que tem pouco mais de 20 anos, deve laçar seu segundo disco no próximo ano.

Abaixo, o vídeo do single.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Delinquência do dia


Clique aqui para baixar o álbum Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos, do Otto.

O arquivo é até "velho", foi lançado no ano passado, mas vai ser sempre atual. Muito antes de Gregor Samsa que o povo acorda assim.

Kafka não dormia, passava a noite escrevendo, acho que, também, para evitar as manhãs. Foi do início de A Metamorfose que Otto retirou o nome do disco.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

não

Uma estratégia para Bolaño

Foto: Francisco Costa Lima

Vá a uma mesa-redonda e tenha um orgasmo. Tudo bem que não chega a ser orgástica, mas a performance Los Críticos También Lloran brinca habilmente com o sonífero formato dos simpósios e debates formais. E, como brincadeiras bem conduzidas podem ser excitantes, o texto do espanhol Marc Caellas em homenagem ao escritor chileno Roberto Bolaño consegue chegar ao ponto.


A montagem integrou a programação da Balada Literária, em São Paulo, no último final de semana. O texto é baseado no romance póstumo 2666, de Bolaño, no trecho em que quatro escritores aficionados por literatura alemã partem em busca do oculto autor Benno Von Archimboldi.


A cereja de Caellas é dirigir escritores de verdade em vez de atores. Os venezuelanos José Tomás Angola e Leo Felipe Campos, a colombiana Margarita Posada e o espanhol Jorge Carrión se prestam ao delicioso papel e o efeito é o já descrito nas primeiras linhas.


No Teatro da Vila, onde fizeram Los Críticos... no sábado, a estratégia começou antes mesmo da apresentação, com os “atores” conversando lá fora, na entrada do prédio, enquanto o público chegava.


Incautos podem duvidar se todo o exposto é verídico ou devaneio – o que também é excitante. Uma mulher chegou a perguntar se aquilo tudo era verdade. Mas aí eu também duvido de que a participação dela tenha sido espontânea. Pode muito bem ter sido mais um ato estratégico na homenagem a Bolaño.


Eles se apresentam hoje no Instituto Cervantes de Botafogo, no Rio de Janeiro, às 19h.


Update:

Separados pelo nascimento
E não é que o Caellas (fotos menores, à dir.), diretor de Los Críticos..., é a fuça do Bolãno (à esq.)?

puta, coitado do Bolaño tá revirando no caixão. Foi só com essa foto, não puxa meu pé à noite, não.

Mix dos Campos na Balada Literária

O set da Balada Literária foi imperdível, este ano. Vou postar uns goles, começando pelo mix literomusical familiar entre o poeta Augusto de Campos e o filho Cid Campos.





Livro brasileiro de foras

A menina escreve errado,
bobinha.
Estoura o virabrequim,
vira disléxica,
os miolos passam ao líquido,
sopa de letrinhas.





Confissão de um país analfabeto: ontem eu escrevi Bolaños, em vez de Bolãno. O pequeno texto, no Facebook, era uma recomendação positiva sobre a montagem Los Críticos También Lloran, em homenagem ao escritor chileno Roberto Bolaño. O outro, com "s", era o Chaves da vila, aquele mesmo do SBT. Dio santo.

domingo, 21 de novembro de 2010

Arrebentação

O rio pegou a carga, saiu correndo, foi dar no mar. Carregou as pedras que não levo e as botou para quebrar.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ravel na Terra do Nunca

Adriano acaba de se tornar órfão e as indefinições sobre seu destino desenham Bolero de Ravel (Global Editora), novo romance de Menalton Braff, vencedor do Jabuti em 2000 pelos contos À Sombra dos Ciprestes.

O protagonista não é um menor disputado por familiares ou internado pela Justiça em um abrigo. Adriano tem 35 anos e muitas semelhanças com os contemporâneos “Peter Pan's”, aqueles que parecem não querer crescer.

Eles inflaram as estatísticas de jovens adultos solteiros nos últimos 15 anos, aparecem às pencas em reportagens de comportamento, lotam as baladas ao lado de adolescentes e provavelmente filam a bóia de domingo ao seu lado, na casa da sua avó, querido leitor. “Eu conheço pelo menos uns dez casos assim, de gente que nem saiu da residência dos pais”, enumera o autor.

Acha o primo ou o tio solteirão engraçados? O personagem de Bolero, entretanto, possui contornos psicológicos que se agravam ante a perda de quem o sustentava. Filho mais velho, grudado à mãe, não quis estudar, trabalhar ou engatar um relacionamento amoroso sério. “É um desiludido, inútil e ocioso. Uma de suas frases é ‘não posso acreditar na vitória se existe a morte’.”

Ao mesmo tempo, a irmã mais nova, que se projetou no pai, um advogado bem sucedido, ganhou a vida como as revistas de carreiras e negócios ditam ser o ideal. Se no passado eles até possuíam afinidades, a distância que as diferenças solidificaram os coloca em lados extremos após o acidente que mata os pais. A dúvida sobre quem vai arcar com Adriano, a partir de então, deflagra o conflito.

Neverland
Menalton avalia que o crescimento do poder de consumo favoreceu o retardamento de aspectos adolescentes sobre esses “adultescentes”.

Cita que, se há poucas décadas a simples compra de uma peça de roupa exigia esforço econômico da maioria da população, atualmente a atitude se banalizou e é possível comprar uma calça nova por semana sem dificuldades.

“Os pais também estão mais favoráveis a bancar os filhos sem reclamar.” A priorização dos estudos e do trabalho é outro fator, apontam os especialistas.

O escritor diz acreditar que os ideais se moldaram à preservação da própria sociedade de consumo, o que geraria perda de sentido e perspectivas entre os jovens. “Hoje parece que a luta é pelo consumo, não há mais o posicionamento sobre ideias ou partidos, por exemplo.”

Estilo
A construção dos personagens tem relação com a narrativa de fluxo de consciência com que Menalton escreveu o romance. O estilo consagrado por escritores como James Joyce e Virginia Woolf é considerado difícil e consiste em idas e vindas na memória dos personagens.

“Baseei-me numa afirmação do Freud de que em todo momento estamos vivendo tudo o que já vivenciamos, desde o nascimento.”

Freud e o tipo de narrativa fazem do título do romance, a célebre composição de Maurice Ravel, uma escolha “natural”. A canção tem um ritmo único e a melodia repetitiva, deixando espaço para os eventos se destacarem em seus loopings na partitura. Nada de coincidência com a vida dos dois irmãos. “O tema principal prossegue, mas de acordo com as cenas que eles vão revivendo, ele some, cresce e vai evoluindo até um final apoteótico.”

Mais Menalton
Menalton Braff lê obras de Sigmund Freud há anos, o que sempre lhe rendeu recursos para conceber seus personagens. No entanto, ele avisa que não há espécie alguma de solução para o caso de Adriano. “Sou só romancista; discutir o caminho seria para um psicólogo.”

Um jornalista de televisão já ficou bravo com Menalton, numa entrevista, porque o autor não apontava uma solução para o problema abordado num romance que lançava na ocasião. “As pessoas estão tanto na onda de autoajuda, que se incomodam com a literatura. Autoajuda é que, entre aspas, se propõe a oferecer receitas.”

Além de Bolero de Ravel, o escritor tem dois romances e uma coletânea de contos prontos na gaveta. O último lançamento do autor foi Moça com Chapéu de Palha (Língua Geral), em outubro de 2009.

Leia ainda
Menalton toma café

Norah Jones pra quem não tem ainda

Muita gente comentou que não tinha nada da Norah Jones - ela cantou em SP no domingo.
Eis aqui um endereço para baixar o último álbum dela, The Fall.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Acordo com o acaso





Se coubesse palpite,
queria morrer feliz,
não noutro dia.
Deveria ser sob descarga elétrica,
daquela que se imagina
"é pra toda vida".
Poderia selar
acordo com o acaso:
só morro enquanto estiver lá.
Se me encontrar ainda sob escombros,
será toda sua a injustiça.



Os bombeiros nem sabiam do menino ao fundo, quando tentavam controlar o incêndio numa residência da periferia de Ribeirão Preto. Foram avisados pela repórter fotográfica Joyce Cury(ACidade), que o "descobriu" no meio da cena, durante o clique.

friend'squema



Da roupa curta ele não implica,
ri do palavrão inflacionado,
na calçada me segura infame.
Ela acha lindo eu me acabar na pista,
suspende meu cabelo no vaso,
faz ponta no vexame.
E ainda dizem que eu valho.
Vão do vinho ao vinagre,
testemunham glórias,
o caralho.
Colo quentinho,
cafuné mais gordo d'Oeste,
beijo no alvo,
sussurro no ouvido.
Não tenho moral com eles,
não preciso disso.


This is a little tribute for some very important people.
Uma trilha para o momento, por favor:


Agora Wagnão


y una pepita del rey





Never more the same, never.