segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Com técnica própria, Sambatown vai a Cuba

Update: pulei janeiro todo, então somente agora (04/fev's/11) conto aqui, atrasadamente, que o bichinho aqui de baixo ganhou a paçoca lá em Cuba. Bacana, né?


SAMBATOWN from cadux.com on Vimeo.



O curta de animação Sambatown, que ganhou corpo no estúdio Usinanimada, em Ribeirão Preto, vai concorrer no festival de cinema latino americano de Havana, em dezembro. Entre os 28 selecionados para a categoria, há mais três brasileiros (veja a lista aqui). Com temática inspirada no triângulo Oxum-Iansã-Xangô, do candomblé, o curta tem como diferencial a técnica “forjada” em solo ribeirão-pretano.  

O projeto foi engendrado pelo diretor Cadu Macedo (Cadux) em 2001, a partir de um pôster que já trazia os personagens e até o nome, Sambatown. Cadu chamou Rogério Shareid, com quem fez faculdade, para a direção de animação. Shareid já tinha experiência em produção autoral e educativa, enquanto Cadu fez carreira em publicidade e vídeoclipe.

A técnica que a equipe desenvolveu acelera a exibição de unidades de desenhos, intercalando a arte tradicional e a executada no computador, para atender a um pedido de Cadu. A exigência era de movimentos delicados e 30 frames por segundo (fps), mesma velocidade de 3D, embora o estúdio tenha usado 2D, que normalmente exibe 24 fps. “O filme que vemos no cinema tem 24 fps. Acredito que seja a primeira vez que a técnica foi usada dessa maneira no país, deu um trabalho do cão”, conta Shareid.

Ele recorreu a passistas da escola de samba Tradição do Ipiranga para gravar os movimentos de porta-bandeira e mestre-sala incluídos na narrativa. Fez o mesmo com alguns atores para estudar a expressividade dos gestos.



À primeira vista, é possível remeter as cenas à capoeira, mas Shareid minimiza a influência da luta, que estaria restrita apenas ao “inconsciente”. “Não queríamos trazir isso à tona tão marcado”. Na lista de referências, aliás, entrou o samba-rock, diz ele.

Apesar do nome e do mix de gêneros, a trilha musical não estaria ligada ao disco Satolep Sambatown, do gaúcho Vitor Ramil com o percussionista Marcos Suzano. “A trilha é o maestro Laércio de Freitas, bem mais velhinho que o Vitor”, brinca.

Acompanhando o candomblé e o samba-rock, o cenário não poderia escapar de influências visuais do Rio de Janeiro, Salvador e Havana. As duas últimas cidades teriam entrado no roteiro de pesquisa de Cadu, que também seria admirador do pintor Carybé, famoso por obras inspiradas nos rituais da cultura afro-brasileira. “Essa vivência, acredito, foi o argumento final para lapidar a produção.”

Sambatown foi finalizado recentemente e, além de Havana, pode seguir para outros festivais, de acordo com as pretensões da equipe.  Depois disso, eles devem negociar a exibição com emissoras.


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