domingo, 3 de julho de 2011

Loyolão só na criação

André Brandão

E o Loyola, minha gente? Pura gentileza. Também respondeu por e-mail para a mesma materinha em que pincelei o Valter Hugo Mãe. E das respostas dele ficou um reforço na certeza que eu já possuía: a mesa dele com o Antonio Tabucchi dificilmente será superada pela nova montagem. Nada contra o Contardo Calligaris, que substitui o conterrâneo, mas Loyola e Tabucchi têm uma história juntos e esse fato já dispara à frente, nas interessâncias.
Mais uma vez, agora graças ao STF e ao governo brasileiro que acolheram Cesare Battisti, ficamos sem Tabucchi.
Eis o Loyola, que ainda torpedeia qualquer menção de embate entre crítica e autores: “que criem.”

O sr. já participou de muitos eventos de literatura, inclusive aqui em Ribeirão. Como se prepara para cada um deles? Para a Flip há alguma orientação da organização ou alguma preocupação específica sua? Teve de reformular sua “preparação” após a desistência do Antonio Tabucchi?

Escolho o tema que pretendo abordar, pesquiso, penso, converso com amigos chegados e deixo o resto por conta do momento, porque quando se sobe no palco as vezes tudo muda. Adoro os improvisos.
Em relação à Flip, não existem orientações especificas, eles sabem que estão convidando profissionais com experiência e longo trajeto.
Claro que tenho de reformular minha participação. Não posso conversar com Contardo o que eu ia conversar com Tabucchi. O titulo da mesa será Ficções da Crônica. Nesta mesa, seremos dois com um mediador a nos ligar. Significa que seremos entrevistados. Sou um romancista que se tornou cronista. Contardo é um cronista que se transformou em romancista. Vai ser tudo na hora, vamos ver.

O sr. poderia comentar o que gostaria de indagar ao Tabucchi, por favor? E com o Contardo, por que lugares sua conversa deve prosseguir?
Falaria um pouco de nosso período na  Toscana, enquanto ele traduzia Zero o dia todo, depois saíamos de bicicleta a passear pelos campos e vinhedos, parando para tomar vinho, ou comer presuntos da montanha, salames, etc. Dos jogos de futebol que víamos pela TV. Dos almoços no restaurante de um amigo dele e que era localizado na sede do Partido Comunista de Vecchiano, onde ele mora, quando na Itália. Depois conversaria sobre a carreira dele, sobre Fernando Pessoa, em quem ele a sua mulher, Maria José, são especialistas, a sua fixação no tema ‘o tempo’, o cinema, etc. E claro, ia perguntar sobre Berlusconi, os novos autores italianos e o cinema italiano atual. Teríamos tempo?

Em maio de 2007, quando esteve na Feira do Livro de Ribeirão, toda sua participação foi sobre o processo em que escreveu “Não verás país nenhum” e a contemporaneidade do livro. É o trabalho que tem maior apelo do público, nesses eventos?
Falei de Não Verás naquele momento porque o livro comemorava 25 anos de existência e se mostrava mais atual. Cada momento é momento de um livro. Veia Bailarina entra muito em órbita, bem como O Anônimo Célebre. Agora, me perguntam muito sobre minha literatura infantil com O Menino que Vendia Palavras e O Menino que Perguntava. Felizmente tenho nada menos de 36 livrosa, a variedade é grande.

Que mesa(s) o sr. gostaria de assistir nessa Flip?
Vou ver o máximo, mas não quero perder Ellroy, nem a argentina de nome esquisito, nem o Neuman, nem o Zé Celso. Como tenho crachá, posso entrar em todas e, se me chatear, me vou.

Recentemente houve uma certa polêmica após os críticos Alcir Pécora e Beatriz Resende afirmarem que nada de novo acontece, na literatura brasileira. O comentário procede? Isso  jogou mais luz para a vitrine dos novos autores, de alguma forma? Acha que essas controvérsias ecoam em eventos do porte como a Flip ou ficam apenas para as conversas de bar?
Não entro nessas de críticos e panoramas e polêmicas desse gênero. Minha vida é criar, que todos criem. Os ensaístas e terceiros é que ficam espevitados, levantando esses debates. Caio fora dessas. Que falem o que quiserem e me deixem em paz. Ou deixem os outros em paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário