segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Vai dormir, filhinha

Foto: Mark Pain

Adão falava assim no tête-à-tête com Deus no paraíso? Peladão e tudo? Um dia eu falei assim com Ele também? Eu mesma, tem certeza? Mas disse isso mesmo que eu costumo dizer hoje pra ele? E como é que ele reagia, hein? Porque hoje, que eu sei, ou percebo, ou penso que é, ele me ouve, olha, sorri gatinho, tudo pacientemente. Às vezes, quando preciso, me aperta puxando fundo o cheiro do amaciante da roupa, de sorridentes olhos fechados e lábios laterais.

Mas o que será que ele pensa de mim? Porque o vejo sempre muito sereno. Mas alguma coisa ele deve achar. Claro, sempre besteira minha, que me preocupo com o que não deveria, dou importância ao que não se deve e me perco em mim mesma, isso é clichê, até eu sei. Mas e o que mais? Me acha engraçada? Besta demais? Vamos fazer uma sessão, Deus?

E os sacerdotes que entravam no santíssimo com a corda no pescoço, digo, na cintura, porque se desse pau eles morriam lá mesmo e os caras tinham de arrastar o presunto pra fora? Mas e eu também entraria nisso? Ai, meu Deus, me pula dessa parte do Velho Testamento, por favor, que não entendo muito. Tô precisando viver mais – e bem- esse meu atual. É isso, né? O rei mais sábio dos nossos antepassados é que dizia que é preciso saber viver. Essa história do Roberto Carlos é toda firula, copydesk total do Salomão, todo mundo quer ser igual a ele – sábio, cheio de amor pra dar and receber, rico e poderoso. Mas o fato é que Salomão declarou que bom mesmo é viver o que se tem pra hoje, né mesmo? E ele tinha 700 mulheres mais 300 concubinas, coisa pra muitos dias. Devia aproveitar cada uma como se fosse a última, eita felicidade.

E os índios, hein? Eles também ficavam pelados. O que isso tem a ver com Adão? Tamo junto e misturado?

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